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Brasil

Desemprego cai para 7,8%, número de vagas com carteira é o maior em 8 anos e renda cresce

Mas país ainda tem cerca de 8,4 milhões de pessoas em busca de emprego

29/09/2023, às 18h09

Foto: Reprodução

A taxa de desemprego caiu para em 7,8% no trimestre encerrado em agosto e atingiu o menor patamar desde fevereiro de 2015, quando ficou em 7,5%. Com isso, significa dizer que o desemprego está em nível próximo ao do início daquele ano, antes do país entrar na crise econômica. O número de empregados com carteira também é o maior em oito anos. Ainda assim, há cerca de 8,4 milhões de pessoas em busca de uma oportunidade no mercado de trabalho.

  • A mediana das projeções dos analistas apontava para uma taxa em 7,8% no período.
  • No trimestre encerrado em maio de 2023, que serve de base de comparação, o desemprego ficou em 8,3%.
  • O número de pessoas ocupadas cresceu 1,3% e chegou a 99,7 milhões.

Os dados foram divulgados nesta sexta-feira na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do IBGE.

O que dizem os especialistas?

O cenário para o mercado de trabalho melhorou em meio à atividade mais resiliente, inflação mais controlada e início do ciclo de queda dos juros. E a trajetória é positiva para o mercado de trabalho nos próximos meses. De acordo com a Confederação Nacional do Comércio (CNC), a criação de vagas temporárias deve alcançar o maior patamar em dez anos.

Segundo Lucas Assis, economista da Tendências, o mercado de trabalho segue uma trajetória favorável e a taxa de desemprego tende a apresentar queda no quarto trimestre. Nas contas do economista, a taxa de desemprego deve encerrar 2023 em 7,2%, puxado pelo aumento das contratações típicas de fim de ano.

Uma desaceleração, contudo, deve ser observada na virada do ano. De acordo com Assis, a taxa de desemprego deve reverter a trajetória de queda a partir do ano que vem, já que reage de forma defasada à atividade econômica, que segue em desaceleração. Na esteira, há uma dissipação dos efeitos da alta da agropecuária, menor impulso oriundo da expansão dos benefícios sociais e manutenção da política monetária em patamar contracionista.

— Tudo isso gera uma conjuntura menos positiva para o ano que vem. E muitas das pessoas que hoje são inativas podem voltar a força de trabalho e realizar uma busca efetiva por um ocupação. Esses fatores contribuem para uma ligeira alta da taxa de desemprego em 2024.

Rodolpho Tobler, economista do FGV Ibre, avalia que uma resiliência da economia tem ajudado a explicar os resultados mais positivos colhidos pelo mercado, o que deve levar a um quarto trimestre favorável para geração de vagas. Mas como aumenta-se a procura, a taxa de desocupação fica pressionada e deve andar de lado, oscilando em torno dos 8%, até o fim do ano.

Além disso, Tobler vê com cautela a queda do desemprego já que a taxa de participação está aquém do pré-pandemia. E concorda com Assis de que o cenário de mercado de trabalho mais apertado deve se intensificar a partir do ano que vem:

— Se a gente tivesse uma taxa de participação próxima do pré-pandemia, a taxa de desocupação estaria por volta de 10%. Para o ano que vem, a tendência é que a queda da taxa de desemprego perca força. Mas a dinâmica vai depender do quanto o Banco Central vai conseguir reduzir os juros frente à questão fiscal.

Emprego com carteira no maior nível em oito anos

A redução da taxa do desemprego foi puxada pela alta do número de pessoas trabalhando, explica Adriana Beringuy, coordenadora de Pesquisas por Amostra de Domicílio. Segundo a pesquisadora, a volta ao padrão pré-pandemia e o cenário mais benigno da economia ajudam a explicar o bom desempenho do mercado de trabalho:

— É uma combinação das duas coisas. Temos a volta de um comportamento mais caraterístico de mercado de trabalho pré-pandemia. E o contexto macroeconômico favorável rebate positivamente no mercado de trabalho.

Só na categoria do emprego com carteira assinada houve o ingresso de 422 mil trabalhadores, em relação ao trimestre encerrado em maio. Com isso, este contingente alcançou 37,25 milhões, o maior contingente desde fevereiro de 2015, quando chegou a 37,28 milhões.

Aumento do emprego no setor público e privado

O número de empregados sem carteira no setor privado também cresceu no período com a entrada de 266 mil pessoas, atingindo 13,2 milhões. Entre os trabalhadores domésticos, houve alta de 2,9%, chegando a 5,9 milhões de pessoas.

Na análise por atividade, três segmentos registraram aumento na ocupação. Há mais 422 mil pessoas trabalhando em serviços voltados para administração pública, com destaque para contratação de profissionais nas áreas da saúde e educação – avanço de 2,4% em relação à maio.

Também cresceu a população ocupada no setor de informação, comunicação e atividades financeiras, com mais 275 mil pessoas empregadas em relação ao trimestre encerrado em maio, alta de 2,3%. Por fim, houve um incremento de mais 164 mil pessoas trabalhando com serviços domésticos.

— São atividades com características bastante distintas. Isso pode estar ligado à questão de renda das famílias, necessidade de infraestrutura por parte das empresas e provimento de serviços públicos —diz Adriana.

A população subocupada por insuficiência de horas trabalhadas avançou 3,9% (199 mil pessoas) no trimestre e chegou a 5,3 milhões, queda de 17,3% no ano. Já a população fora da força de trabalho ficou em 66,8 milhões, queda de 0,5% ante o trimestre anterior e aumento de 3,4% na comparação anual.

Massa salarial atinge recorde

Soma de todos os rendimentos dos brasileiros ocupados, a massa salarial real (já descontada a inflação) alcançou recorde de R$ 288,9 bilhões no trimestre encerrado em agosto. Este é o maior valor da série histórica da pesquisa, iniciada em 2012.

Já o rendimento real ficou estável no período, totalizando R$ 2.947. No ano, esse valor significa um crescimento de 4,6%.

Segundo Adriana, do IBGE, o crescimento da massa salarial ao longo deste ano se dá pelo aumento do número de trabalhadores empregados e pela expansão do rendimento médio.

Na avaliação de Assis, da Tendências, o comportamento mais favorável da inflação e o fato de 2023 ter sido o primeiro ano de reajuste real do salário mínimo, após três anos sem ganhos acima da inflação, beneficiam o rendimento real e a massa salarial.

Fonte: OGLOBO

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