MENU

JORNAL O+POSITIVO - FUNDADO EM 2004

domingo, 19 de Maio de 2024

É FÁCIL VER A DIFERENÇA, COMPARE!

PUBLICIDADE

Cidades

UniRV pode fechar as portas em Caiapônia

Depois de formar aproximadamente 800 alunos nos mais de 14 anos do Campus, o não cumprimento do acordo por parte da Prefeitura pode estar colocando em risco os avanços

16/11/2022, às 11h11

Registro de junho de 2009 mostra estrutura da UniRV, em Caiapônia. Foto: O+Positivo

“A partir de hoje, Caiapônia passa a fazer parte da elite intelectual”. A frase dita por Terezinha de Jesus Paula Sousa, promotora de Justiça do município em 18 de janeiro de 2008, durante a cerimônia de assinatura do convênio entre Prefeitura e Faculdade de Rio Verde (Fesurv) – hoje Universidade de Rio Verde (UniRV) – começa a perder o sentido. Na ocasião, quando Edson Rosa Cabral (popularmente conhecido como Edinho do Café) era prefeito, a parceria tratava da implantação do Campus educacional em Caiapônia.

Em 2008 aproximadamente 6% dos caiaponienses possuíam Ensino Superior completo. O índice era bem inferior à média nacional e da região, que à época já se aproximava de 12% da população. Pesquisas realizadas pelo Jornal O+Positivo também apontavam que o maior anseio da comunidade era justamente a chegada de uma Universidade para mudar a realidade do município centenário. Mais de 60% dos respondentes diziam que a implantação de uma faculdade era a principal necessidade.

Foi nesse cenário que o Campus UniRV realizou o primeiro vestibular em 27 de janeiro de 2008, ofertando 160 vagas para os cursos de Direito, Educação Física, Ciências Contábeis e Gestão do Agronegócio. A partir daquele dia, ninguém mais duvidava que Caiapônia havia entrado de vez nos trilhos do desenvolvimento.

Com mensalidades acessíveis, a transformação não demorou. “Caiapônia deixará de exportar as suas mentes brilhantes”, disse o então prefeito Edinho no discurso da aula inaugural. Ele quis dizer jovens caiaponienses que saem da cidade para estudar fora dificilmente voltam para a cidade natal.

A instalação do Campus projetou Caiapônia em toda a região. Além dos alunos locais, estudantes de Doverlândia, Piranhas, Palestina de Goiás, Iporá e outros municípios também foram estudar na Universidade. Essa movimentação trouxe novo oxigênio ao comércio, movimentando a cidade em todos os aspectos. Durante o auge, mais de 700 alunos chegaram a frequentar o Campus todos os dias.

De 6% da população com curso superior, Caiapônia saltou para mais de 18%, segundo pesquisa do Jornal O+Positivo realizada em 2022. A Universidade já entregou o tão sonhado canudo de curso superior para mais de 800 alunos, desde a implantação.

Entre eles está o advogado e ex-prefeito de Piranhas, Eric de Melo Silveira, que se formou em 2014 no Campus da UniRV Campus Caiapônia. “Quando eu era criança, verificava-se que havia uma distância muito grande entre o sonho que eu tinha de formar em Direito e a realização desse sonho, visto que em Goiás só tinha o curso em Goiânia e Cidade de Goiás. Como sou de família muito humilde, sem possibilidade financeira de arcar com os custos de uma faculdade particular e também de morar longe da minha família, quando surgiu a possibilidade de fazer Direito na atual Fesurv eu pude ver a realização do meu sonho. E graças à UniRV eu conquistei tudo o que tenho, como o meu escritório de advocacia, que atua em Piranhas e região e também em vários Estados da federação”, relata.

Heth Lima Santos, que cursou Educação Física na UniRV é outro exemplo. Ela atua na área desde a formação, em 2012. “A faculdade para mim foi muito importante. Sem ela não teria conseguido cursar o ensino superior, pois não tinha condições de fazer uma faculdade em outra cidade e me manter. Hoje eu trabalho na minha área de formação como professora de Educação Física na escola CEPMP e como Personal Trainer atendendo alunas em casa e em academias. Sou muito grata à UniRV”, relata. A educadora física lembra ainda como funcionava a parceria entre a Universidade e a Prefeitura. “Por mais que seja uma faculdade particular, muitos continuaram a trabalhar para conseguir pagar a faculdade e a prefeitura contribuiu com bolsas estudantis para todos”, conta.

Apesar dos inúmeros benefícios da implantação da escola de ensino superior, todas essas conquistas correm risco de se perderem, uma vez que, nos últimos anos, o Campus Caiapônia não abriu mais processos seletivos e as atuais turmas podem ser as últimas. Segundo informações levantadas pelo Jornal O+Positivo, mas não confirmadas pela instituição, o Campus pode fechar as portas no município a qualquer momento.

Jornal O+Positivo de Fevereiro de 2008 destacou a expectativa com a chegada da Universidade

O principal motivo, ainda segundo levantamento, seria o não cumprimento do acordo realizado na época da implantação da faculdade por parte da administração municipal. O convênio dizia que a Prefeitura oferecia o prédio e as ampliações necessárias, incluindo a manutenção, enquanto à universidade cabia as demais despesas e na contrapartida uma bolsa a todos os acadêmicos matriculados na unidade.

O compromisso foi honrado durante anos e o prédio chegou a ser ampliado para atender a demanda que não parava de crescer, mas com a mudança de gestores em Caiapônia a UniRV deixou de ser priorizada e os problemas começaram a surgir.

“Quando soube da possibilidade do fechamento do Campus fiquei triste, pois ele foi muito importante para mim e para muitas outras pessoas que passaram por lá. Mas como cidadã, vejo que ultimamente eles não investiram muito em outros cursos, foram deixando fechar os que tinha”, lamenta a personal trainer Heth Lima.

“A universidade foi fundamental na cadeia de desenvolvimento da região oeste de Goiás nos últimos anos. Não tivemos apenas profissionais qualificados que se formaram, mas criamos empreendedores, empresários que geraram emprego e renda”, avalia.

“O possível fechamento do Campus Caiapônia seria péssimo para Caiapônia e região, pois os impactos incidirão justamente nos campos que obtiveram melhorias quando da abertura do Campus, que é social, econômico e profissional”, avalia o bacharel em Direito e militante da advocacia Leonardo Couto, que também reconhece o valor da UniRV Caiapônia na sua formação. “Eu não teria as mínimas condições, principalmente financeiras, para me graduar em outra localidade”, finaliza.

Veja também

PUBLICIDADE