Caiapônia 150 anos, as duas faces da senhora abandonada e endividada
Na rede social, uma cidade muito bem cuidada, na realidade, passeios públicos intransitáveis, empréstimo milionário, história do município destruída e famílias vulneráveis sem moradia. Veja as duas faces de Caiapônia
11/08/2023, às 13h08

Caiapônia, a 335 km da Capital Goiânia, completou no último dia 29 de julho, 150 anos de emancipação política. Para celebrar a data, a Prefeitura organizou shows com dupla sertaneja famosa e pirotécnico multicolorido a um custo de mais de R$ 380 mil. Mas acontece que as realidades são diferentes quando avaliamos as redes sociais oficiais do prefeito Argemiro Rodrigues e da gestão e a vivida pelos moradores do município. Enquanto na Caiapônia virtual há festa para celebrar o aniversário, na Caiapônia real a cidade está endividada com empréstimo de R$ 12 milhões que pode comprometer até mesmo o pagamento dos salários dos servidores públicos.
Outros shows nacionais contratados para a 15ª Expac por milhares de reais contrastam com a realidade do Teatro Municipal João Alves dos Santos. O espaço de cultura coleciona agora infiltrações, portas quebradas, poltronas destruídas e outros sinais de abandono.
A lista de hipocrisias “vendidas” nas redes sociais é grande. Passa por uma cidade toda recapeada com “o maior programa já realizado em todos os tempos”. Bom, isso é o que está sendo apresentado. Na realidade, passeios públicos estão intransitáveis, cheios de lixo, mato e entulho em diversas regiões da cidade.
Na Caiapônia virtual a moradia popular para beneficiar quem está em situação de vulnerabilidade social é prioridade. A outra face mostra que, em mais de 10 anos, incluindo uma administração completa e a atual, liderada pelo prefeito Argemiro, nem uma casa própria foi entregue.

A fantasia está também na reforma da Praça Central. A arquitetura planejada no escritório de um dos maiores arquitetos do Brasil, Oscar Niemeyer e inaugurada anos atrás foi destruída e deu lugar a um novo ambiente onde os bancos são um amontoado de tijolos. “Os dois arcos representavam a união das famílias caiaponienses, no centro uma espécie de cachoeira com corrimões representava uma passagem pelo Rio Bonito, cachoeira feita de carbonato representada as cachoeiras de Caiapônia e os bancos feitos em círculo representavam momentos de confraternização nas portas das casas, onde as pessoas se reuniam para conversar”, esclarece o ex-prefeito Lari em entrevista ao Jornal O+Positivo.
“Deve ter sido a praça mais planejada de Goiás, quiçá do país. Então, na minha opinião, deviam ter feito um projeto para tombamento da praça, por ser uma obra que representava a história de Caiapônia, desde a sua fundação. Sinceramente, não posso criticar, mas como cidadão fiquei triste com a decisão de ter derrubado a praça para construir algo que não conta a história de nada. Uma administração dura quatro anos e passa, mas o povo continua morando lá, por isso entendo que deviam ter feito uma pesquisa para saber o que a população gostaria que fosse feito”, completa.
Para apresentar à comunidade o lado que interessa e convém aos administrados, a Prefeitura paga caro. Somente uma empresa recebe todos os anos R$ 55 mil para convencer a comunidade caiaponiense e ajudar a manter o status da Caiapônia virtual. Do outro lado, na verdadeira Caiapônia, o Jornal O+Positivo se compromete a continuar mostrando a realidade, denunciando os desmandos e dando voz a quem precisa.