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Raios X do Água Limpa aponta que abastecimento hídrico em Piranhas pode ficar comprometido no futuro

Jornal O+Positivo e ambientalista Jonas Darck visitaram as nascentes que formam o Córrego que fornece água para Piranhas e tem socorrido Arenópolis e Bom Jardim, que vivem crise hídrica. Líquido é abundante na região, mas não existe preservação e as poças de água já recuaram cerca de 1 km nos últimos anos. Veja o diagnóstico completo na reportagem especial

28/09/2017, às 15h09

 

Visão aérea da cabeceira do Água Limpa. nascente recuou cerca de 1 km da nascente

Diante da grave crise hídrica que afeta Goiás e castiga a região do Mato Grosso Goiano, onde cidades inteiras não têm água na torneira, Piranhas tem sido um oásis. O Córrego Água Limpa que abastece o município tem garantido água para socorrer comunidades inteiras, dada a abundância do líquido precioso.

A vizinha Arenópolis vem sendo abastecida com essas águas desde o mês de julho, quando os Ribeirões do Areia e Lajeado secaram. Os bonjardinenses também já beberam desse riacho, abastecidos pelos caminhões-pipa da Empresa de Saneamento de Goiás (Saneago).

Mas se a maioria das cidades vive um drama com a falta de água, porque Piranhas tem em abundância? Por lá não corre risco de faltar? As nascentes do Córrego Água Limpa e seus afluentes são protegidas? A população do município tem consciência da realidade do manancial que os abastece?

Para responder essas e outras dúvidas dos leitores o Jornal O+Positivo, representado pelo editor João Santana, foi até a cabeceira do riacho juntamente com o ambientalista Jonas Darck. Saindo de Piranhas pela GO-188, sentido Doverlândia, o local fica a cerca de 30 km da sede do município. Na Fazenda Para Lá, na Chapada da Serra Branca.

As minas começam entre a vegetação. Inicialmente são três galhos, que logo se juntam e formam o manancial principal. Em volta da pequena área preservada há uma grande lavoura, que vem sendo transformada em pastagem.

Jonas Darck mostra os sinais da antiga represa, nascente recuou cerca de 1 km

 

As marcas não deixam dúvida, o local das nascentes recuou cerca de 1 km nos últimos anos. “Aqui foi construída uma barragem com abundância de água anos atrás. Me recordo que as margens não eram preservadas. Posteriormente foi construída uma cerca, mas logo soltaram o gado e hoje está nessas condições”, explica Jonas Darck, citando uma antiga represa (hoje pastagem de gado) que fica a cerca de 300 metros do início da vegetação.

De acordo com o ambientalista “a medida que a água foi se afastando, a mata foi sendo derrubada para plantio de lavoura ou capim, em um efeito cascata, pois as águas continuam recuando”. Mesmo no local preservado, que em alguns pontos não chega a 3 metros do canal, o capim avança sem controle e os animais da fazenda pisoteiam o terreno.

A água brota com força e logo ganha corpo, mas uma roda d’água instalada a cerca de 500 metros da nascente recolhe parte do líquido, que nesse ponto já é suficiente para encher um cano de 100 milímetros.

 

Pastagem avança sobre o córrego Água Limpa

Para piorar a situação, a água utilizada no preparo de inseticidas e agrotóxicos para o plantio das lavouras que ficam ao lado é extraída do local. Vasilhas descartáveis de produtos, lixos, graxas e outras impurezas são facilmente encontradas.

Poucos metros abaixo um rego d’água recolhe parte da corrente e leva para o uso da fazenda. Em diversos pontos do riacho é possível visualizar materiais descartáveis como garrafas petes, sacos plásticos e trançados de náilon.

Não há nenhuma proteção às nascentes. Os animais da fazenda têm acesso irrestrito à fonte. Em alguns pontos é possível visualizar os sinais de uma cerca velha, que talvez tenha sido usada anos atrás com o objetivo de impedir a entrada dos bichos, mas hoje não garante nenhuma proteção.

Do lugar se leva uma certeza. O Córrego Água Limpa está encolhendo! O volume de água do manancial está diminuindo! A lavoura/pastagem avança sobre as nascentes, causando uma grande destruição do meio ambiente, podendo comprometer o abastecimento futuro da cidade de Piranhas e das demais vizinhas que, hoje, já dependem dessa água.

 

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