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Cidades

Soldado processa a União após ser torturado e perder testículo em ‘trote’ dentro do Exército

Segundo o Comando Militar do Leste (CML), oito pessoas foram indiciadas e licenciadas. Já a vítima passa por atendimentos médico e psicológico

07/04/2017, às 13h04

Um soldado do 27º Batalhão de Infantaria Paraquedista, que prefere não ser identificado, diz que decidiu abandonar a carreira militar depois de ser amarrado e agredido com pedaços de madeira por superiores dentro do alojamento do Exército. O caso aconteceu em maio de 2016 e a vítima está processando a União, mas a ação ainda tramita na Justiça Federal. A história começou quando o então calouro foi convocado por um grupo de cabos para passar por um trote, que aconteceu no alojamento dos superiores, onde ele teria sido imobilizado, derrubado e agredido. A agressão era diária, segundo a vítima. “Teve um dia que eu tentei fugir do trote e me levaram para o alojamento deles. Chegando lá tinha cerca alojamento deles 15 a 18 cabos.

Me amarraram, fecharam as janelas e portas, e quando eu caí no chão começaram as agressões. Eu gritei muito, mas não foi motivo para eles pararem. Eu fui agredido na frente de outro soldado e ele desmaiou (…) Isso já é conhecido por lá. Eles pegam os soldados aos poucos. Todos que se formam sofrem esse trote. Os que se formaram comigo também passaram por isso”, relatou o soldado. De acordo com o advogado da vítima, Marcelo Figueira, os suspeitos usavam pedaços de madeira, fios cortados e cordas. Depois das agressões, o soldado precisou passar por uma cirurgia onde retirou um dos testículos. “Depois que eu recebi alta da cirurgia, eu tive que voltar para lá, eu convivi com os agressores diariamente. Eu sofri pressão psicológica. Eles me perseguiam, ameaçavam. Foi quando eu comecei a ter acompanhamento psiquiátrico. O meu psiquiatra pediu para que eu fosse afastado.

Comecei tomar medicamento controlado (…) Desde a agressão, eles falavam que eu não podia falar com ninguém, falavam que caso alguém visse era pra falar que fui assaltado, falava para usar a farda no corpo inteiro para tampar as marcas”, disse o soldado. Resultado A vítima denunciou 18 cabos, mas segundo o Comando Militar do Leste (CML), apenas oito pessoas foram indiciadas em um Inquérito Policial Militar, e foram licenciadas em 28 de fevereiro de 2017. “Não afastaram todos, ainda tem agressores lá no batalhão.

Atualmente, eu tenho medo de voltar para lá. Eu não consigo voltar para lá, não consigo entrar em contato com eles”, informou o soldado que passa por atendimentos médico e psicológico. “Ele teve a coragem de enfrentar essa situação. Entramos com uma ação indenizatória para reparação dos danos físicos, psicológicos e morais contra a União, através da 27ª Vara. Estamos aguardando a resposta  do Exército no processo. Eles foram intimados e estamos aguardando a defesa deles”, informou o advogado Marcelo Figueira.

Em resposta, o Comando Militar do Leste afirmou que o “Exército Brasileiro rechaça veementemente a prática de maus-tratos ou de qualquer ato que viole direitos fundamentais dos militares em treinamento e cursos de formação”. O Exército disse que quando alguma irregularidade ou ilegalidade é identificada “adota as medidas cabíveis, seja na esfera disciplinar ou administrativa, instaurando procedimento adequado para investigar e punir com rigor os responsáveis”.

A Procuradoria da República no Rio de Janeiro informou que cinco casos de violência dentro de dependências militares estão em andamento no Ministério Público Federal (MPF).

Fonte: O Popular

 

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