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Opinião

Evidências de um crime bárbaro ainda não resolvido

Enquanto o Estado se cala, diretor do Jornal O+Positivo fala sobre a morte do garoto de 2 anos e 10 meses que chocou Piranhas e região 

27/06/2017, às 13h06

Decidi escrever esse texto em forma de artigo objetivando ter mais liberdade para manifestar o meu pensamento sobre as “evidências de crime”, ocorrido na morte da criança, no último domingo (25), na zona rural do município de Piranhas.
Não estive na cena do crime e não sou técnico em criminalística, mas para formar o meu juízo uso de toda a minha experiência adquirida ao longo dos mais de 50 anos de vida, a convivência com os meus filhos e os conhecimentos adquiridos nas faculdades que frequentei – das quais destaco a de História e Direito, sendo essas as que mais contribuíram para essas interpretações. Também não abri mão do bom relacionamento e credibilidade adquiridos ao longo dos 30 anos na região – que me permitiram conversar ‘em off’ com agentes que estiveram no local e responsáveis pelas investigações.
Começo lembrando que a mãe ligou para a Polícia, mas, em outros momentos, chamadas haviam sido realizadas para o Samu, já que a criança havia sofrido outros “acidentes” por envenenamento, afogamento e atropelamento. Desta vez foi o militar que lhe passou o número do SAMU. Vejo com estranheza a afirmação, dada pelos agentes, que “a mãe não apresentava queimaduras nas mãos”, mesmo o menor tendo sido “encontrado agonizando nas chamas”, segundo relado da genitora ao policial que atendeu a ligação. Eu sou pai e teria me jogado nas chamas para socorrer qualquer um de meus filhos.
Como explicar o fato de um menino de dois anos e 10 meses morrer nas chamas de forma inerte, sem esboçar reação? Já que os objetos que estavam sendo queimados não estavam espalhados, segundo os agentes e as imagens. Além disso, o corpo foi encontrado em cima dos objetos, e debruço. Não precisa ser técnico para saber que qualquer ser vivo teria travado uma luta incansável contra a morte, ao ponto de deixar limpo o local. É importante observar ainda que o espaço total onde os objetivos estavam sendo queimados era de 80 cm.
Não consigo entender porque a mãe não escutou os gritos do menor, se o acidente aconteceu, segundo os agentes, a menos de 50 metros da residência e a casa é de madeira, o que facilita a entrada dos sons. Precisou da irmã menor encontrar o pequeno e avisá-la. “Me chamou atenção a frieza da mãe diante da cena do crime, eu estava mais abalado do que ela”, descreveu um agente público que esteve no local.
Porque a criança foi encontrada morta com a língua para fora, típica de estrangulamento? E essa corda dependurada com laço na ponta, na cena do “crime”(veja a imagem), seria um balanço?!

Segundo os técnicos em investigação, qualquer corpo queimado vivo apresenta bolhas de queimaduras, pois essas seriam uma forma do organismo se proteger do calor provocado pelas chamas. O do garoto não, segundo uma fonte do Jornal O+Positivo. Ainda de acordo com a mesma fonte, o pulmão do menino não continha fumaça, o que descartaria a possibilidade de um acidente por chamas.
Levei também em consideração o histórico de ocorrências envolvendo o menino, que segundo registros do SAMU (Serviço Móvel de Urgência), as equipes já foram chamadas outras três vezes para atender Alexandre. “Uma por afogamento, outra por envenenamento e uma terceira por atropelamento”.
Deixo claro que o meu objetivo não é apresentar autoria de crime, até porque não disponho do aparato estatal para tal, mas sim mostrar evidências e contradições. Cabe ao poder público que conta com toda a estrutura necessária de técnicos, laboratórios e recursos, cumprir o seu papal e dar a resposta em tempo à sociedade.
O Jornal O+Positivo é um veículo de comunicação social que noticia as ações e conquistas do poder público e da população. Mas também denuncia as ações e omissões destes ou daqueles.
Alegar que divulgação de matéria pela imprensa atrapalha investigação é mostrar-se incompetente. O legislador constituinte deu total liberdade ao direito de informação e ao exercício da profissão jornalística, inclusive o de manter o sigilo da fonte, quando necessário.
Não estamos e jamais ficaremos reféns de informações oficiais para a elaboração de nossas reportagens, até porque o agente ativo pode também ser passivo das denúncias. E, o Jornal O+Positivo tem cumprido essa sua missão, basta ver o histórico.
Por suas denúncias a Câmara Municipal de Arenópolis caçou os direitos políticos de um ex-prefeito. Foi esse veículo que denunciou o carro do Conselho Tutelar de Piranhas em um motel em Bom Jardim de Goiás (que originou a denúncia do Ministério Público e o afastamento do agente suspeito). Notícia do Jornal O+Positivo foi usada pelo magistrado da comarca como prova para a condenação de um litigante de má fé, que pleiteava aposentadoria por meios escusos. Cito essas como ilustração, mas o leitor atento poderá conferir outras dezenas em nosso portal.
Portanto, cabe ao leitor examinar as informações e tirar suas conclusões enquanto o Estado com e sua morosidade não se manifesta oficialmente sobre a morte do garoto.⁠⁠⁠⁠

João Santana é historia­dor, bacharel em direito, marketólogo e editor do Jornal O+Positivo

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